REIS DE PORTUGAL , MONARQUIA PORTUGUESA

Quarta Dinastia


D. João IV

   Nasceu em Vila Viçosa a 19 de Março de 1604 e a partir de 29 de Outubro de 1630 tornou-se o 8.o duque de Bragança. Casou com D. Luísa de Gusmão, espanhola de nascimento, a 12 de Janeiro de 1633. Foi escolhido pelos obreiros da Restauração para rei de Portugal. 1 de Dezembro de 1640 foi a data da restauração da independência de Portugal face ao reino de Espanha. Terminava assim a dinastia filipina, que durante 60 anos governara Portugal. D. João IV foi aclamado rei a 15 de Dezembro.
Pese embora a conjura de 1641 contra o novo rei, da qual resultou uma severa punição para os seus responsáveis, D. João IV teve o apoio da grande maioria da sociedade portuguesa, o que lhe permitiu criar novos impostos, desvalorizar a moeda e recrutar voluntários para fazer face às necessidades monetárias e humanas de um confronto militar que se adivinhava próximo com a vizinha Espanha.
Em 1641 verificaram-se os primeiros confrontos, saldando-se por uma vitória do exército português na Batalha do Montijo e uma tentativa fracassada dos espanhóis no cerco de Elvas. A Espanha estava fortemente mergulhada na Guerra dos Trinta Anos, pelo que foi preciso esperar pelo fim da guerra entre franceses e espanhóis, que só se verificou em 1659, para que os espanhóis pudessem concentrar todas as suas atenções na anulação da Restauração portuguesa.
Durante este período, D. João IV, com o objectivo de legitimar a revolução e obter auxílio militar e financeiro, enviou embaixadores para as principais Cortes europeias. Era necessário convencer os reinos europeus de que D. João IV não era um rebelde mas sim o legítimo herdeiro do trono que havia sido usurpado pelos Filipes. D. João IV apresenta-se, assim, como o legítimo herdeiro do cardeal D. Henrique, pois, em 1580, quem deveria ter sucedido no trono era D. Catarina, duquesa de Bragança, e não Filipe II de Espanha. Os embaixadores vão também legitimar o novo rei segundo o novo princípio político de que o poder era conferido por Deus ao povo, que, por sua vez, o transmitia ao rei.
D. João IV faleceu a 6 de Novembro de 1656, deixando o reino, política e militarmente organizado, entregue à regência de D. Luísa de Gusmão.

O Restaurador
21.º Monarca
Reinado: 1640 - 1656
1604 - Nascimento de D. João em Vila Viçosa.
1630 - Aclamação de D. João como o 8.º duque de Bragança.
1633 - Casamento de D. João com D. Luísa de Gusmão.
1640 - Restauração da independência de Portugal.
Coroação sob o título de D. João IV.
1641 - Cortes de Lisboa onde são tomadas medidas urgentes para reforçar a defesa do reino.
1642 - Criação do Conselho Ultramarino.
1644 - Batalha do Montijo (Guerra da Restauração).
- Os holandeses abandonam o Maranhão, no Brasil.
- Nascimento do Padre Manuel Bernardes, escritor e pregador.
1646 - Nossa Senhora da Conceição é aclamada oficialmente Padroeira e Rainha de Portugal, em Vila Viçosa.
A partir desta data, os reis portugueses deixarão de usar coroa uma vez que esta é colocada na imagem de Nossa Senhora.
1648 - Reconquista de Angola aos holandeses.
1654 - Expulsão dos holandeses do Brasil.
1656 - Morte de D. João IV.


D. Luísa de Gusmão

    Rainha de Portugal (1613-1666) e esposa de D. João IV. Apesar de ser espanhola de nascimento, as suas ambições políticas levaram-na a influenciar o marido no sentido de se opor ao domínio filipino no nosso país. Com a morte do monarca, em 1656, ficou a seu cargo a regência do reino, devido à menoridade do príncipe herdeiro. Durante a regência (que foi marcada pela consolidação da posição portuguesa no plano internacional, tarefa decisiva após a Restauração), a rivalidade entre cortesãos levou-a a nomear a chamada Junta Nocturna, constituída por vários conselheiros da sua confiança. Em 1662, D. Afonso VI invocou os direitos da maioridade e assumiu a governação.


D. Pedro II
 

Rei de Portugal entre 1683 e 1706, filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, nasceu a 26 de Abril de 1648. Em 1662, chegou a ser declarado herdeiro do trono pela regente D. Luísa de Gusmão, mas o conde de Castelo Melhor contrariou essa iniciativa ao afastar a regente para sempre da vida política. Porém, em 1667, a rainha D. Maria Francisca Isabel afastou o conde da corte e aderiu ao partido de D. Pedro. Através de golpe palaciano, D. Pedro conseguiu obrigar o irmão a abdicar do poder em seu nome. Nas Cortes iniciadas a 27 de Janeiro de 1668 foi nomeado regente do Reino. A 27 de Março do mesmo ano, o casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca foi anulado por bula papal e D. Pedro casou com a cunhada. Nesse mesmo ano, assinou a paz com a Espanha, o que lhe valeu o cognome de "o Pacífico". Só foi aclamado rei depois da morte de Afonso VI, em 1683.
D. Maria Francisca morreu em 1683, tendo deixado apenas uma filha, pelo que D. Pedro resolveu casar, em 1687, com D. Maria Sofia de Neuburgo.
De entre os seus ministros, destacou-se o conde de Ericeira, D. Luís de Meneses, vedor da fazenda e responsável por significativo impulso verificado na indústria portuguesa.
D. Pedro envolveu-se militarmente na Guerra da Sucessão de Espanha e foi durante a sua governação que foi assinado o Tratado de Methuen, tratado comercial entre Portugal e a Inglaterra. Faleceu a 9 de Dezembro de 1706.

O Pacífico
23.º Monarca
Reinado: 1683 - 1706
1648 - Nascimento de D. Pedro em Coimbra.
1667 - Assunção da regência, por abdicação de D. Afonso VI.
1668 - Casamento com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, sua cunhada.
1677 - Nascimento de Manuel da Maia, engenheiro militar.
1683 - Coroação sob o título de D. Pedro II, após a morte de seu irmão.
1687 - Casamento do rei com D. Maria Sofia de Neuburgo.
1697 - Descoberta de minas de ouro e diamantes no Brasil.
- Reunião das Cortes para garantir a sucessão ao trono do filho mais velho do rei.
1699 - Chegada a Lisboa do primeiro carregamento de ouro vindo do Brasil.
1703 - Tratado de Methuen, acordo comercial entre Portugal e Inglaterra.
1706 - Morte de D. Pedro II.
 


D. Afonso VI

Filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, nasceu a 21 de Agosto de 1643. Por morte prematura de D. Teodósio, seu irmão mais velho, tornou-se herdeiro do trono. Em 1656, uma vez que D. Afonso apenas tinha treze anos, D. Luísa de Gusmão assumiu a regência do reino.
Em consequência de doença em criança, D. Afonso VI sofria de diminuições físicas e mentais. Tinha um comportamento estranho para a sua condição de rei; envolvia-se em cenas de rua e rodeava-se de más companhias, companhias essas que, por vezes, levava para a Corte e que sobre ele exerciam forte domínio e influência. Veio a ser considerado, pelos médicos, mentecapto e impotente.
A regente, perante a incapacidade governativa do monarca, convocou um Conselho de Estado, no qual afastou Afonso VI e fez jurar D. Pedro, irmão de D. Afonso VI, como herdeiro do trono. Mas esta tentativa não resultou, uma vez que Luís de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor, em nome de D. Afonso VI, preparou o afastamento forçado da regente para um convento. Foi neste período que se conseguiu a vitória na guerra com a Espanha, o que valeu ao rei o cognome de "o Vitorioso".
A 27 de Junho de 1666, depois de várias tentativas de casamento falhadas, casou por procuração com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia. A nova rainha ligou-se ao partido de D. Pedro e afastou o conde da corte. A 23 de Novembro de 1667, D. Afonso VI abdicou do poder em favor do irmão. A 24 de Março de 1668, o seu casamento foi anulado e o rei desterrado para Angra do Heroísmo. Em 1674, regressou ao Reino e foi fechado no Palácio de Sintra, onde faleceu a 12 de Agosto de 1683.
 

O Vitorioso
22.º Monarca
Reinado: 1656 - 1683

1643 - Nascimento de D. Afonso em Lisboa.
1656 - Após a morte de D. João IV, D. Luísa de Gusmão assume a regência do reino.
1659 - Batalha das Linhas de Elvas (Guerra da Restauração).
1662 - Coroação sob o título de D. Afonso VI.
- Eleição do Conde de Castelo Melhor para primeiro-ministro, a quem o rei entrega o governo.
- Tomada de Cochim, na Índia, pelos holandeses.
1663 - Batalha do Ameixial (Guerra da Restauração).
1664 - Batalha de Castelo Rodrigo (Guerra da Restauração).
1665 - Batalha de Montes Claros (Guerra da Restauração).
1666 - Casamento do rei com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia.
1667 - Abdicação do trono em favor do irmão, D. Pedro, que assume o poder com o título de príncipe regente.
1668 - Anulação do matrimónio régio.
D. Afonso VI é desterrado para a Ilha Terceira.
- Fim da Guerra da Restauração, com a assinatura de um tratado de paz entre Portugal e Espanha.
1674 - Regresso do monarca ao reino.
1683 - Morte de D. Afonso VI.
 


D. João V

O seu reinado, que durou de 1707 até à sua morte em 1750, foi um dos mais longos da História portuguesa. Nasceu a 22 de Outubro de 1689, filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo, e foi aclamado rei a 1 de Janeiro de 1707. Casou a 9 de Julho de 1708 com D. Maria Ana da Áustria, irmã do imperador austríaco Carlos III.
D. João V seguiu uma política de neutralidade em relação aos conflitos europeus mas empenhou-se fortemente na defesa dos interesses portugueses no comércio ultramarino, de que foi exemplo o Tratado de Utreque (1714), em que a França e a Espanha reconheceram a soberania portuguesa sobre o Brasil. Esta neutralidade foi possível devido à riqueza do reino proveniente da exploração das minas de ouro brasileiras. D. João V pretendeu, à semelhança dos outros monarcas europeus, imitar Luís XIV. Defensor do absolutismo, não reuniu as Cortes uma única vez durante o seu reinado. Teve como principal ministro e homem de confiança o cardeal da Mota.
Devido às grandes obras que promoveu no campo da arte, da literatura e da ciência, ficou conhecido por "o Magnânimo". Na cultura merecem referência especial a Real Academia Portuguesa de História, fundada em 1722, e a introdução da ópera italiana, em 1731. D. João V desenvolveu ainda as artes menores (talha, azulejo e ourivesaria) e as artes maiores através de vários pintores e escultores que se deslocaram de Itália para trabalhar em Lisboa e Mafra. O Palácio-Convento de Mafra, mandado construir como forma de agradecer o nascimento do seu primeiro filho varão, e o Aqueduto das Águas Livres são dois exemplos de obras públicas de grande imponência. Deu nome a um período da história da arte portuguesa designado Barroco Joanino.
 

O Magnânimo
24.º Monarca
Reinado: 1707 - 1750
 

1689 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1707 - Coroação sob o título de D. João V.
1708 - Casamento do rei com D. Maria Ana da Áustria.
1709 - Invenção da passarola, por Bartolomeu de Gusmão.
1713 - Assinatura do Tratado de Utreque com a França.
1715 - Assinatura do Tratado de Utreque com a Espanha.
1717 - Início da construção do Palácio-Convento de Mafra.
- Início da construção da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.
1722 - Fundação da Real Academia Portuguesa de História.
1731 - Introdução da ópera italiana em Portugal.
1732 - Início da construção do Aqueduto das Águas Livres.
- Início da construção da Igreja dos Clérigos.
1750 - Morte de D. João V.
 


D. José I

Filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria, D. José nasceu a 6 de Junho de 1714. Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon, filha de Filipe V. O seu reinado, situado entre os anos de 1750 e 1777, foi marcado pela crise económica resultante da concorrência das potências coloniais e sobretudo da redução da exploração do ouro brasileiro.
D. José seguiu a política de D. João V no tocante à neutralidade face aos conflitos europeus e de que é exemplo, apesar da forte pressão da França e da Inglaterra, a não participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Reforçou o absolutismo monárquico através de medidas radicais contra aqueles que se opunham ao reforço do poder régio: expulsou e confiscou os bens dos Jesuítas e mandou prender alguns fidalgos, entre os quais os Távoras, acusados de tentativa de assassinato do rei. Foi seu primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal.
O seu reinado foi também marcado pelo terramoto de 1755, que destruiu a baixa de Lisboa. A ele se deveu a reconstrução daquela parte da capital segundo um moderno traçado rectilíneo da autoria dos arquitectos Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel.
D. José foi um grande reformador: acabou com a escravatura em Portugal continental, concedeu liberdade aos índios do Brasil, acabou com a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos, reformou o ensino, a administração e a economia. Veio a falecer a 24 de Fevereiro de 1777.
 

O Reformador
25.º Monarca
Reinado: 1750 - 1777

1714 - Nascimento de D. José em Lisboa.
1729 - Casamento de D. José com D. Mariana Vitória da Áustria.
1731 - Nascimento de Machado de Castro, escultor.
1750 - Coroação sob o título de D. José I.
Sebastião José de Carvalho, mais tarde conhecido por Marquês de Pombal, é nomeado Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.
1751 - Abolição da escravatura dos índios do Brasil.
1755 - Terramoto de Lisboa.
- Criação da Companhia do Grão-Pará e Maranhão.
1756 - Criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.
1758 - Atentado, em Belém, contra o rei.
1759 - Expulsão dos Jesuítas do reino.
- Criação da Companhia de Pernambuco e Paraíba.
1761 - Abolição do tráfico de escravos em Portugal continental.
- Fundação do Real Colégio dos Nobres.
1772 - Promulgação de novos estatutos da Universidade de Coimbra.
1777 - Morte de D. José I.
 


D. Maria I
 

Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana, filha primogénita de D. José I e de D. Mariana Vitória de Áustria, nasceu em Lisboa a 17 de Dezembro de 1734. Casou com o seu tio, D. Pedro, em 1760 e subiu ao trono português em 1777, vindo a reinar até ao ano de 1816.
No seu reinado verificou-se o retomar do comércio da rota do Cabo, dado que os ingleses estavam preocupados com a independência das colónias americanas e os franceses estavam envolvidos na revolução de 1789. D. Maria liberalizou a economia através da extinção da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e da Companhia de Pernambuco e Paraíba.
Os seus fortes sentimentos religiosos valeram-lhe o cognome de "a Piedosa". Mandou libertar os presos políticos e afastou do governo o marquês de Pombal. Criou a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Casa Pia de Lisboa, esta última destinada à educação de crianças órfãs e pobres. Mandou construir a Basílica da Estrela e o Teatro de S. Carlos, em Lisboa, e o Hospital de Santo António e o Teatro de S. João no Porto. Ordenou também intervenções importantes no Palácio de Queluz e outros edifícios.
A partir de 1799, devido ao facto de D. Maria sofrer de doença mental, o príncipe herdeiro D. João toma o título de regente. Em 1807, aquando das invasões francesas, D. Maria embarca, juntamente com toda a família real, para o Brasil, onde vem a falecer em 1816.
 

A Piedosa
26.º Monarca
Reinado: 1777 - 1816

1734 - Nascimento de D. Maria em Lisboa.
1760 - Casamento com D. Pedro III, seu tio.
1768 - Nascimento de Domingos António Sequeira, pintor e retratista.
1777 - Coroação sob o título de D. Maria I.
Afastamento do Marquês de Pombal.
1779 - Fundação da Academia Real das Ciências.
1780 - Fundação da Casa Pia de Lisboa.
1784 - Inauguração da iluminação pública nas ruas de Lisboa.
1786 - Morte de D. Pedro III.
1792 - Entrega do governo a D. João, seu filho, por doença.
1796 - Fundação da Biblioteca Pública de Lisboa.
1797 - Introdução do papel-moeda em Portugal.
1799 - D. João assume a regência do reino.
- Nascimento de Almeida Garrett, escritor.
1806 - Bloqueio Continental imposto por Napoleão.
1807 - Primeira invasão francesa comandada pelo general Junot.
- Partida de D. Maria I e toda a família real para o Brasil.
O Rio de Janeiro passa a ser a sede do governo português e a capital do reino.
1808 - Batalhas de Roliça e Vimeiro entre os exércitos anglo-luso e francês.
- Convenção de Sintra onde Junot se compromete a sair de Portugal.
1809 - Segunda invasão francesa comandada pelo general Soult.
- Tragédia da Ponte das Barcas no rio Douro.
- Retirada das forças napoleónicas graças à acção das tropas anglo-lusas.
1810 - Terceira invasão francesa comandada pelo general Massena.
- Batalha do Buçaco e Linhas de Torres Vedras que são decisivas na vitória contra os franceses.
1816 - Morte de D. Maria I.
 


D. Mariana Vitória

Filha de Filipe V de Espanha (1718-1781). Esteve noiva de Luís XV de França, mas o casamento não se concretizou. Em 1727 foi contratado o seu matrimónio com o futuro rei D. José I, no âmbito de uma política de alianças que incluía também a união da princesa portuguesa D. Maria Bárbara a D. Fernando, herdeiro do trono espanhol. Vivendo, de uma maneira geral, alheada dos negócios públicos, D. Mariana Vitória ocupou a regência em 1776-1777, por doença de D. José.
 


D. Pedro III

Filho de D. João V e D. Maria Ana de Áustria, D. Pedro III nasceu em 1717 e foi rei de Portugal entre 1777 e 1786. Casou a 6 de Julho de 1760 com a sua sobrinha D. Maria. O casal passou o tempo no Palácio de Queluz, mandado construir por D. Pedro antes de ascender ao trono.
Enquanto rei, D. Pedro III não se preocupou com os actos governativos, excepção feita ao empenho posto na reabilitação dos nobres perseguidos pelo marquês de Pombal e ao empenho na restauração da Companhia de Jesus. Faleceu em Lisboa em 1786.
 


D. João VI

Rei de Portugal de 1816 a 1826, era filho segundo de D. Maria I e de D. Pedro III Nasceu em 1767. Casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, filha de Carlos IV de Espanha. Tornou-se herdeiro do trono por morte de seu irmão D. José, em 1788. Embora já estivesse à frente dos negócios do reino desde 1792, altura em que se começou a manifestar a doença da D. Maria, só assumiu a regência em 1799.
Em 1807, juntamente com a família régia, embarcou para o Brasil. D. Maria morreu em 1816 e D. João VI foi aclamado rei. Em 1820 deu-se a revolução liberal e o monarca regressou a Lisboa em 1821, onde jurou a Constituição liberal. Em 1822, por iniciativa de D. Pedro, filho do soberano e defensor do liberalismo, foi proclamada a independência do Brasil. Com o objectivo de abolir a Constituição liberal, o infante D. Miguel, defensor do absolutismo, vai promover movimentos militares como a Vila-Francada (Maio de 1823) e a Abrilada (Abril de 1824), no último dos quais foi derrotado e expatriado. A sua posição não era partilhada pelo rei, que sempre procurou soluções conciliatórias com os liberais.
D. João VI faleceu em 1826, deixando o governo entregue à regência da infanta D. Isabel Maria em nome de D. Pedro IV, imperador do Brasil.
 

O Clemente
27.º Monarca
Reinado: 1816 - 1826

1767 - Nascimento de D. João em Lisboa.
1785 - Casamento de D. João com D. Carlota Joaquina.
1799 - D. João assume a regência devido à doença da mãe, D. Maria I.
1807 - Assinatura do tratado secreto de Fontainebleau.
1810 - Nascimento de Alexandre Herculano, escritor.
1816 - Coroação sob o título de D. João VI, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Daquém e Dalém-Mar em África e Senhor da Guiné.
1817 - Conspiração liberal em Lisboa liderada por Gomes Freire de Andrade.
- D. Pedro, filho de D. João VI, recebe o título de príncipe do Brasil.
1820 - Revolução liberal no Porto.
Instauração do regime constitucional-liberal.
1821 - Regresso de D. João VI e sua corte a Lisboa.
D. Pedro permanece no Brasil como regente.
1822 - Episódio do "Grito do Ipiranga": D. Pedro proclama a independência do Brasil.
- Aclamação de D. Pedro como Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil.
- D. João VI jura, em Lisboa, a Constituição liberal.
1823 - Vila-Francada, golpe de Estado conduzido por D. Miguel, filho do rei, com o intuito de pôr fim ao regime liberal.
1824 - Abrilada, segunda tentativa de golpe de Estado da autoria do mesmo infante.
Derrotado e demitido do cargo de comandante-chefe do exército português, D. Miguel sai do país e fixa-se na Áustria.
1825 - Fundação das Escolas Régias de Cirurgia de Lisboa e Porto.
- Reconhecimento oficial da independência do Brasil, por parte de D. João VI.
1826 - Morte de D. João VI.
 


D. Carlota Joaquina


Filha de D. Carlos IV, rei de Espanha, e de D. Maria Luísa de Parma, nasceu em Aranjuez, Espanha, em Abril de 1775 e morreu em Queluz, em Janeiro de 1830.
Em Maio de 1785, com dez anos de idade, contraiu matrimónio com o filho deD. Maria I, rainha de Portugal, o príncipe D. João, que, em 1788, por morte do seu irmão primogénito D. José, foi declarado príncipe herdeiro, vindo mais tarde a ser regente do reino, por interdição de sua mãe (1792), e rei de Portugal (1816). Deste casamento houve nove filhos, entre eles os futuros reis de Portugal D. Pedro e D. Miguel e a princesa D. Isabel Maria, que foi regente do reino.
D. Carlota Joaquina era conhecida pelo seu temperamento violento e conflituoso, não ficando a ele imune sequer o seu marido. D. João e D. Carlota Joaquina viveram em estado de permanente desavença desde 1793. Em 1805, D. João VI, já regente do reino, sofre um ataque de melancolia, fruto do desgosto que sentia pela loucura de sua mãe, os excessos de sua mulher e a grave situação internacional de Portugal, colocado entre as exigências da França e Espanha, por um lado, e as da Inglaterra, por outro. D. Carlota Joaquina e alguns fidalgos conluiram para declarar D. João incapaz e colocar a rainha no posto de regente. Como represália, D. João limita-se a afastar da Corte alguns fidalgos e a separar-se de D. Carlota, dando-lhe para residência o palácio de Queluz, indo ele para Mafra.
Em 1807, na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, juntamente com a restante família real para o Brasil, onde continuou separada do marido.
Ambiciosa, chegou a alimentar a hipótese de vir a reinar nas colónias espanholas na América do Sul, pois o seu pai fora obrigado por Napoleão a abdicar do trono espanhol. Mas os seus ensejos não tiveram concretização.
Regressou à metrópole em 1821, onde a situação não lhe era favorável. Recusou-se a jurar a Constituição saída da Revolução de 1820, catalisando a ofensiva contra-revolucionária, instigando o seu filho D. Miguel.
Teve um papel fundamental na preparação da Vila-Francada (1823), golpe que falhou. Reincidiu com o golpe da Abrilada (1824).
A sua determinação acabaria por vingar, embora por pouco tempo, pois D. Miguel, após a morte de D. João VI, torna-se rei absoluto.

 


D. Pedro IV

Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz em 12 de Outubro de 1798, onde faleceu em 24 de Setembro de 1834. Vigésimo sexto rei de Portugal (1826) e primeiro imperador do Brasil, ficou conhecido pelo cognome de "o Libertador". A morte precoce do seu irmão primogénito - D. António - acabaria por levá-lo ao trono português.
Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou com a restante família real para o Brasil em 1807, chegando em Março ao Rio de Janeiro, cidade que se tornaria a verdadeira capital do império. É no Brasil que D. Pedro passa uma parte da sua infância e juventude.
É reconhecida, mesmo pelos seus coevos, a superficialidade da sua instrução, à qual acrescia um espírito impetuoso e enérgico; em última análise, estes são alguns dos factores que explicam a sua posição na independência do Brasil.
Em 1818 casa com a arquiduquesa D. Leopoldina, filha do imperador Francisco da Áustria, de cujo enlace nasceram D. Maria da Glória (1819), futura rainha de Portugal com o título de D. Maria II, e D. Pedro (1825), que sucederá ao pai como imperador do Brasil com o título de D. Pedro II. Enviuvou em 1826, voltando a casar três anos mais tarde com D. Maria de Beauharnais.
Em resposta à revolução de 1820, D. João VI decreta o regresso de D. Pedro a Portugal, onde as Cortes Constituintes iriam elaborar a Constituição do reino, mas esta decisão régia foi mal recebida no Brasil, pelo que o rei, em 1821, decide voltar à metrópole, deixando D. Pedro regente do Brasil. D. Pedro lidera então o movimento independentista brasileiro, não tendo qualquer pejo em confrontar as forças fiéis ao poder da metrópole.
Preocupadas com a evolução dos acontecimentos no Brasil na regência de D. Pedro, as Cortes determinam em 1821 o seu regresso a Portugal. É enviada uma frota ao Rio de Janeiro destinada a repatriar D. Pedro. O regente recusa-se a embarcar para a Europa.
Em 7 de Setembro de 1822, tomando conhecimento de despachos que recebera de Lisboa junto das margens do Rio Ipiranga, proclamou a independência do Brasil bradando o famoso grito do Ipiranga: "Independência ou morte". No dia 1 de Dezembro do mesmo ano é proclamado imperador e defensor perpétuo do Brasil.
Foi convocada a assembleia constituinte brasileira, que demonstrou ser demagógica e quase anárquica, pelo que o imperador acabou por demitir o ministério. Depois dissolveu o Parlamento e deportou para a Europa os deputados que se mostraram mais exaltados, entre os quais José Bonifáco de Andrade e Silva (Novembro de 1823). Esta atitude exalta os ânimos da população brasileira. Em resposta, D. Pedro nomeia um conselho de Estado para elaborar um projecto de Constituição que viria a ser de unânime agrado.
Porém, D. Pedro nem sempre cumpre os preceitos constitucionais, o que, acrescentado ao facto de o reconhecimento da independência do Brasil por D. João VI vir acompanhado de um ónus de dois milhões de libras esterlinas e outras condições consideradas humilhantes pelos brasileiros, contribui para que seja posta em causa a sua boa aura junto do povo brasileiro.
Após a morte de D. João VI em 1826 e em cumprimento de determinações suas, D. Isabel Maria assume a regência do reino e designa D. Pedro rei de Portugal. D. Pedro começa por idealizar a junção das duas coroas mas depressa muda de ideias, outorgando aos portugueses a Carta Constitucional (1826) e abdicando a favor de sua filha D. Maria da Glória mediante duas condições: o casamento da rainha com o seu tio D. Miguel e o juramento da Carta Constitucional.
Após a doação da Carta, a situação torna-se complicada nos dois reinos. Em Portugal, D. Miguel torna-se senhor de um trono absolutista (1827), faltando ao compromisso assumido com seu irmão, e no Brasil D. Pedro vê-se obrigado, após desentendimento com a Câmara, a abdicar em benefício de seu filho, D. Pedro II (1831).
D. Pedro parte então para a Europa com a sua filha, D. Maria II, rainha em título, por quem os liberais expatriados por D. Miguel se batiam. D. Pedro decide pôr-se à frente da causa liberal. Após conseguir os apoios financeiros necessários e organizar os liberais imigrados, chega aos Açores em 1832, onde assume a regência na qualidade de duque de Bragança, nomeia um Ministério composto por Mouzinho da Silveira, Marquês de Palmela e Agostinho José Freire (do qual se destaca o primeiro pela legislação que vai promulgando, que viria a alterar a estrutura jurídica e social do país), e prepara a expedição militar que colocará a sua filha no trono. Em Junho, parte para o Norte do país, vindo a desembarcar no Pampelido a 8 de Julho e seguindo depois para o Porto. As tropas chegam à cidade no dia seguinte e, ao contrário do que tinham inicialmente previsto, sofrem um longo e penoso cerco, dando-se início a uma guerra civil que se prolongaria até Maio de 1834 (Convenção de Évora-Monte), quando D. Miguel é expulso do país e entra em vigor a Carta Constitucional. As Cortes de Agosto de 1834 confirmam a regência de D. Pedro, que morre no mês seguinte, a 24 de Setembro, quatro dias após o início do reinado de D. Maria II.
 

O Libertador
28.º Monarca
Reinado: 1826

1798 - Nascimento de D. Pedro em Lisboa.
1807 - Partida para o Brasil juntamente com a família.
1818 - Casamento de D. Pedro com D. Leopoldina da Áustria.
1822 - Aclamação de D. Pedro como Imperador do Brasil.
1825 - Nascimento de Camilo Castelo Branco, escritor.
1826 - O Conselho de Regência, presidido pela infanta D. Isabel Maria, escolhe D. Pedro como sucessor da coroa portuguesa sob o título de D. Pedro IV.
- D. Pedro IV decreta a Carta Constitucional.
- O rei, por ser imperador do Brasil, abdica do trono em favor da filha, na condição desta vir a casar com o tio, D. Miguel.
1834 - Morte de D. Pedro IV.
 


D. Isabel Maria

Infanta portuguesa (1801-1876), filha de D. João VI e D. Carlota Joaquina. Ficou a presidir ao Conselho de Regência na morte de seu pai, que se deu em 1826. Contudo, não deixou por isso de haver uma indefinição quanto à sucessão no trono, uma vez que D. Pedro IV se encontrava no Brasil e abdicou a favor de sua filha, mediante o cumprimento de certas condições por parte de D. Miguel. Por entendimento entre os príncipes, a regência passou para D. Miguel em 1828, cessando aí a intervenção política de D. Isabel Maria.
 


D. Miguel

Terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz em 26 de Outubro de 1802 e morreu em Brombach em 14 de Novembro de 1866. Vigésimo nono rei de Portugal (1828-1834), ficou conhecido pelo cognome de "o Usurpador".
Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, em 1807, com a família real para o Brasil, de onde regressou acompanhado dos pais em 1821, tendo ficado o seu irmão D. Pedro a governar o Brasil. Durante a sua estada no Brasil deram-se em Portugal acontecimentos que viriam a condicionar a sua acção, como a Conspiração de 1817 e, sobretudo, a Revolução liberal de 1820. Regressou a Lisboa em 3 de Julho de 1821, quando o liberalismo dava os seus primeiros passos no nosso país, facto que provocou em D. Carlota Joaquina uma forte reacção, apoiando a rainha os adversários do regime nascido em 1820. Depressa o infante assume a chefia dos partidários do antigo regime, aglutinados em volta de sua mãe. Assim, esteve à frente dos movimentos contra-revolucionários da Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824).
A Vila-Francada conduziria à dissolução das Cortes liberais e ao fim da vigência da Constituição de 1822, acabando por redundar numa vitória política que elevaria D. Miguel a comandante-chefe do exército português. A Abrilada só não teve sucesso mercê da intervenção de diplomatas estrangeiros acreditados em Lisboa. Após o golpe, D. João VI demite o filho do alto cargo que ocupava desde a Vilafrancada e D. Miguel deixa o País, fixando-se em Viena de Áustria, onde permaneceria por quatro anos.
Aquando da morte de D. João VI, em 10 de Março de 1826, D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. Numa tentativa de conciliação, D. Pedro IV abdica do trono português a favor de sua filha D. Maria da Glória, na dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e de sua filha casar com o tio, D. Miguel. Este não só celebra os esponsais com a sobrinha como jura a Carta Constitucional outorgada por seu irmão.
Chegado a Lisboa em Fevereiro de 1828, D. Miguel jura novamente a Carta. Porém, decorrido pouco tempo, falta ao compromisso assumido com seu irmão, nomeia um novo ministério, dissolve as Câmaras e, convocadas as cortes à maneira antiga, é proclamado, pelos três estados do reino, rei absoluto. São sufocados os focos de reacção antimiguelista. Os liberais emigram em massa e os que ficam são alvo do terror miguelista; são presas ou degredadas milhares de pessoas, e muitas são sumariamente executadas.
Os exilados, após se reunirem nos Açores (Ilha Terceira), sob os auspícios de D. Pedro, seguem para o norte do país. Em Junho desembarcam no Pampelido e daí seguem para o Porto, onde sofreriam um longo e penoso cerco. Dá-se, pois, início a uma guerra civil que se prolongaria por dois anos (1832-1834) e que levaria ao trono D. Maria II. Verificando a impossibilidade de continuar a luta, D. Miguel rendeu-se, assinando em 26 de Maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. No dia 1 de Junho de 1834, D. Miguel deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália. Acaba por se fixar na Alemanha, onde casa em 1851 com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos, e onde veio a falecer a 14 de Novembro de 1866.
 

O Usurpador ou Absolutista
29.º Monarca
Reinado: 1828 - 1834

1802 - Nascimento de D. Miguel em Queluz.
1807 - Partida para o Brasil juntamente com a família.
1821 - Regresso a Portugal.
1823 - Vila-Francada, golpe de Estado perpetrado por D. Miguel com o intuito de pôr fim ao regime liberal.
1824 - Abrilada, segunda tentativa de golpe de Estado.
Desta vez, D. Miguel é derrotado e demitido do cargo de comandante-chefe do exército português, exilando-se na Áustria.
1828 - Novo regresso a Portugal.
- As Cortes de Lisboa aclamam D. Miguel rei absoluto.
1830 - Nascimento de João de Deus, poeta e pedagogo.
1832 - Início da guerra civil que se prolongará por dois anos.
Desembarque dos liberais no Mindelo e ocupação do Porto.
1833 - Ocupação de Lisboa pelo Duque da Terceira, comandante dos liberais.
- D. Miguel transfere o governo para Santarém.
1834 - Derrota das tropas de D. Miguel nas batalhas de Almoster e Asseiceira.
- Convenção de Évora-Monte que termina com a guerra entre os liberais e os absolutistas.
- Deposição das armas e partida para o exílio.
1866 - Morte de D. Miguel.
 


D. Pedro II, imperador do Brasil

D. Pedro II era filho de D. Pedro IV de Portugal, o imperador D. Pedro I do Brasil, e de D. Maria Leopoldina. Nasceu em 1825 e faleceu em 1891.
Seu pai foi obrigado, pelas forças liberais, a abdicar a seu favor, em 1831. Enquanto não atingia a maioridade, ficou responsável pela sua educação José Bonifácio de Andrada e Silva, até 1833. A partir desta data, a responsabilidade passou para o marquês de Itanhaém. Nesta época, o Brasil foi governado por várias regências.
A 23 de Julho de 1840, após um período de grande agitação política, D. Pedro foi proclamado maior e coroado. Em 1843 casou-se, por procuração, com a princesa Teresa Cristina de Bourbon.
Durante o seu reinado viajou pela Europa e pelos Estados Unidos da América, onde assistiu à exposição de Filadélfia em 1876. Viajou também pelo continente africano, demorando-se sobretudo no Egipto. Durante as suas ausências, a princesa imperial D. Isabel assumia a regência. Foi neste contexto que, em 1888, a princesa declarou extinta a escravatura no Brasil.
D. Pedro sobressaiu pelo seu amor às artes e às ciências, às quais dedicava mais tempo do que à política. Protegia e patrocinava os estudos àqueles que buscavam aperfeiçoamento artístico na Europa. Quando foi implantada a República no Brasil, em 1889, encontrava-se doente e estava já desligado da vida política.
A revogação, em 1920, da lei que bania a família imperial fez com que, anos mais tarde, os restos mortais do imperador e da sua esposa fossem transferidos do Panteão de S. Vicente de Fora, em Lisboa, para a catedral da cidade de Petrópolis, onde actualmente se encontram.
 


D. Maria II

Filha de D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil e de sua primeira mulher, D. Leopoldina de Áustria, nasceu no Rio de Janeiro em 4 de Abril de 1819 e morreu em Lisboa, em 15 de Novembro de 1853, vítima do seu décimo primeiro parto. Segunda rainha reinante de Portugal e trigésimo monarca português (1834-1853), ficou conhecida pelo cognome de "a Educadora".
Contava dois anos quando o Brasil se tornou independente e seu pai, D. Pedro, foi proclamado imperador do Brasil. Quando, em 1826, D. João VI morreu, D. Pedro, legítimo herdeiro do trono português, sendo imperador do Brasil, abdicaria da Coroa a favor de D. Maria, após outorgar a Portugal a Carta Constitucional, sendo a primeira de duas condições o casamento dela com o seu tio D. Miguel. D. Maria da Glória contava então sete anos. Porém, D. Miguel, apesar de jurar a Carta Constitucional (a segunda condição posta por D. Pedro para abdicar do trono) e de celebrar os esponsais com a sobrinha, quando regressa ao reino, em 1828, acaba por fazer-se aclamar rei absoluto, pelo que o casamento nunca chegaria a realizar-se.
D. Maria, na Europa, acaba por deambular entre a França e a Inglaterra, onde os governos não eram favoráveis às suas pretensões, regressando ao Brasil em 1829 com a sua madrasta D. Amélia de Beauharnais, até que D. Pedro, após abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II (1831), resolve empenhar-se na luta contra D. Miguel, liderando a causa liberal. Parte com sua filha para a Europa e, após conseguir os apoios financeiros necessários e organizar os liberais emigrados, assume nos Açores, em 1832, a regência do trono português na qualidade de duque de Bragança. Prepara então uma expedição militar que desembarca no norte do reino, dando início a uma guerra civil que se prolongaria até 1834 (Convenção de Évora-Monte). Em 1833, vislumbrando-se a vitória liberal, D. Pedro manda o marquês de Loulé buscar a sua filha a Paris, onde ficara. Em 1834, ano também da morte de seu pai, D. Maria é proclamada rainha.
Com quinze anos apenas, D. Maria II tem a seu cargo um país destroçado pelas invasões francesas e pela guerra civil, enfrentando uma grave crise financeira, e vê-se no centro das lutas entre cartistas e vintistas. Logo no primeiro ano do seu reinado debate-se com intrigas, agitações, questões graves como o Contrato do Tabaco, da venda conjunta das Lezírias e o problema do envio do corpo expedicionário contra os carlistas de Espanha.
Em 28 de Janeiro de 1835 casa com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morreria dois meses depois. A 9 de Abril de 1836 casa em segundas núpcias com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota. Do enlace nasceram onze filhos, entre D. Pedro e D. Luís, futuros reis de Portugal.
Sucedem-se os movimentos de revolução e contra-revolução, dos quais a rainha nem sempre se mantém alheia. Assim, aquando da Revolução de Setembro, D. Maria intenta, em Belém, o golpe de Estado que ficou conhecido por Belenzada. Em 1837, teria de enfrentar o movimento levado a cabo pelos sectores moderados - a Revolta dos Marechais. No ano seguinte, é confrontada com a aprovação da Constituição de 1838. Em Janeiro de 1842, novo golpe de Estado reporia a Carta outorgada por D. Pedro e traria à ribalta Costa Cabral, que acabaria por tornar-se próximo da rainha, chegando, na altura, a aventar-se a hipótese de entre ambos existir uma relação mais íntima. Segue-se em 1846 a Maria da Fonte e uma nova guerra civil - a Patuleia. Nesta terrível crise, em que as Juntas revolucionárias por todo o reino se opunham às forças governamentais, a rainha desenvolveu esforços no duplo sentido de activar a resistência liderada por Saldanha e evitar a intervenção estrangeira, o que acabaria por acontecer, só terminando com a Convenção de Gramido em 1847. Por tudo isto se constata que D. Maria II governou num período particularmente díficil da História portuguesa, momento da dolorosa passagem do absolutismo ao constitucionalismo.
 

A Educadora
30.º Monarca
Reinado: 1834 - 1853
 

1819 - Nascimento de D. Maria no Rio de Janeiro.
1826 - É prometida ao seu tio D. Miguel, casamento que nunca virá a ser realizado.
1834 - Coroação sob o título de D. Maria II, após a derrota dos miguelistas.
1835 - Casamento de D. Maria II com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morre dois meses depois.
1836 - Casamento da rainha com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.
- Revolução de Setembro que restabelece a Constituição de 1822.
- Reformas da Instrução Pública no governo de Passos Manuel.
Criação de liceus.
Fundação das Academias Reais de Belas-Artes de Lisboa e Porto.
- Belenzada: golpe de Estado envolvendo a própria rainha, com intenção de recuperar os poderes que lhe haviam sido retirados pelo governo setembrista.
- Revolta dos Marechais como reacção à Revolução de Setembro.
1838 - D. Maria II jura a nova Constituição.
1842 - Novo golpe de Estado, liderado por Costa Cabral, com o intuito de derrubar a Constituição de 38 e restaurar a Carta Constitucional.
- Promulgação do novo Código Administrativo.
- Reorganização da Guarda Nacional.
- Reforma das Câmaras Municipais.
- Nascimento de Antero de Quental, escritor, poeta e filósofo.
1843 - Início da construção do Teatro D. Maria, em Lisboa.
1844 - Reforma do ensino.
1845 - Nascimento de Eça de Queirós, escritor.
- Nascimento de Oliveira Martins, historiador.
1846 - Revolta da Maria da Fonte que faz cair o governo de Costa Cabral e o obriga a exilar-se.
- Nascimento de Rafael Bordalo Pinheiro, caricaturista, ilustrador e ceramista.
1849 - Costa Cabral regressa e preside novamente ao Ministério.
1851 - Revolta do marechal Saldanha, a Regeneração, com intenção de reformar a Carta Constitucional e demitir Costa Cabral.
1852 - Abolição da pena de morte para os crimes políticos.
1853 - Emissão do primeiro selo postal português.
- Morte de D. Maria II.
 


D. Fernando II

D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota foi o segundo consorte de D. Maria II, que desposou em 1836. D. Fernando era de origem alemã. Nasceu em Coburgo em 1816.
Foi comandante-chefe do exército português, tendo procurado intervir em várias das situações de crise política que o reinado de sua esposa conheceu (a Belfastada, a Revolta dos Marechais, a Regeneração, etc.).
Foi noutro capítulo, porém, que a acção de D. Fernando acabou por merecer maior estima. O rei mostrou-se um grande defensor do património construído, garantindo a conservação de obras como o Mosteiro da Batalha, o Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio-Convento de Mafra. Para além disso, sendo ele próprio pintor, desenhador e cantor, fez-se rodear de artistas, de quem foi patrono. Mandou ainda edificar o notável Palácio Nacional da Pena, em Sintra.
Entre a morte de D. Maria e a coroação de D. Pedro V, D. Fernando teve a seu cargo a regência do reino (1853-1855), retirando-se depois para a vida privada. Foi-lhe oferecida a coroa da Grécia, em 1862, e a da Espanha, em 1869, ambas tendo recusado. Faleceu em 1885.
 


D. Maria Pia de Sabóia

A princesa Maria Pia de Sabóia (1847-1911) era filha da arquiduquesa Maria Adelaide da Áustria e de Vítor Manuel do Piemonte, rei de Itália. Casou por procuração com o rei D. Luís de Portugal, em 1862, com apenas quinze anos. Mulher de grande coragem, salvou os seus dois filhos de morrerem afogados, em 1873. Ficaram conhecidas as palavras que dirigiu ao duque de Saldanha aquando do seu golpe: se eu fosse o rei, mandava-o fuzilar. Também a sua acção filantrópica merece ser recordada. Com a implantação da República em 1910, partiu para o exílio.
 


D. Luís

Segundo filho da rainha D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, nasceu em Lisboa em 31 de Outubro de 1838 e morreu em Cascais em 19 de Outubro de 1889. Trigésimo segundo rei de Portugal (1861-1889), ficou conhecido pelo cognome de "o Popular".
Assume o trono a 14 de Outubro de 1861, por morte de seu irmão D. Pedro V. No dia seguinte, ratifica o juramento feito perante as cortes e é aclamado a 22 de Dezembro. Casou em 27 de Setembro de 1862 com D. Maria Pia de Sabóia, filha de Vítor Manuel, rei do Piemonte e da Sardenha. Foi um homem de profunda instrução e cultura, sendo disso exemplos as suas traduções de Shakespeare.
Personalidade de grande bonomia e tolerância, D. Luís consegue transformar os seus vinte e oito anos de reinado num período de certa acalmia política, não alcançando evitar, no entanto, algumas perturbações. Em 1862 houve em Braga um levantamento de tropas contra o aumento de impostos. Eclodiu, no fim de Janeiro de 1867 e em Janeiro de 1868, o movimento conhecido pela Janeirinha no Norte do reino, que também teve como causa razões de ordem tributária e fez cair o Ministério de Joaquim António de Aguiar. Maior gravidade teve o incidente provocado pelo marechal duque de Saldanha em Maio de 1870, na altura ministro de Portugal em Paris. Em 1869, encontrando-se em Lisboa, o marechal propôs ao rei a sua nomeação para comandante-chefe do exército. O Ministério recusou e ordenou a Saldanha que ocupasse o seu posto de ministro, determinação a que este não obedeceu, respondendo com uma carta, que publicou e cujo tom vaticinava o pronunciamento que, na noite de 18 para 19 de Maio de 1870, ia fazer junto do rei, a quem impõe a demissão do Governo, em nome das tropas que o apoiavam. D. Luís obedece e Saldanha preside ao novo Ministério. D. Luís, perante tudo isto, manteve sempre uma posição de moderador sereno.
D. Luís enfrentou ainda perturbações de âmbito cultural, com a fecunda polémica da "Questão Coimbrã" em 1865-66 e com a suspensão pelo Governo das Conferências Democráticas do Casino em 1871.
Em 1876, pelo pacto da Granja, foi fundado o Partido Progressista, fruto da fusão entre os Partidos Histórico e Reformista, entrando-se numa fase de rotativismo governativo entre aquele partido e o Regenerador. A cena política encontra-se ainda marcada pelo facto de se situar no reinado de D. Luís o período áureo das Obras Públicas do fontismo.
As expedições africanas receberam um forte impulso durante o seu reinado. Em 1877, o major Serpa Pinto foi de Benguela ao Bié. No ano seguinte, atingiu o Zambeze e daí seguiu até à colónia de Natal. Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens exploraram o sertão de Benguela e, em 1884, atravessaram África de Luanda a Tete. Outras expedições ainda se seguiram.
Ao mesmo tempo, foi um reinado de forte implantação do republicanismo. Em 1878 toma assento na Câmara o primeiro deputado republicano, eleito pelo Porto. No fim do seu reinado, o Partido Republicano já não era uma mera tendência mas uma força política que ganhara raízes.
 

O Popular
32.º Monarca
Reinado: 1861 - 1889

1838 - Nascimento de D. Luís em Lisboa.
1861 - Assunção do trono de Portugal em consequência de D. Pedro V, seu irmão, morrer sem deixar descendência.
1862 - Casamento do rei com D. Maria Pia de Sabóia.
1864 - Publicação do primeiro Código Civil português.
- Abolição da pena de morte para os crimes civis.
1865 - Aparecimento da Questão Coimbrã.
1869 - Abolição da escravatura em todos os territórios portugueses.
1871 - Suspensão das Conferências Democráticas do Casino.
1877 - Inauguração da Ponte de D. Maria Pia, no Porto.
- Primeira travessia de Angola ao Oceano Índico, por Serpa Pinto.
1881 - Início da construção da Ponte de D. Luís I, no Porto.
1884 - Travessia de África (Angola-Moçambique) por Brito Capelo e Roberto Ivens.
- Criação do projecto "Mapa cor-de-rosa" apresentado no Congresso de Berlim.
1889 - Morte de D. Luís.
 


D. Pedro V

Filho primogénito de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, nasceu em Lisboa em 16 de Setembro de 1837 e aí também morreu em 11 de Novembro de 1861, contando pouco mais de vinte e quatro anos. Trigésimo primeiro rei de Portugal, ficou conhecido pelo cognome de "o Esperançoso".
Sucede ao trono de Portugal, pelo falecimento de sua mãe, que morre com apenas 34 anos de idade, em 15 de Novembro de 1853. D. Fernando II governa o reino na qualidade de regente durante a menoridade de D. Pedro V. D. Pedro aproveita os dois anos da regência de seu pai para viajar pela Europa com o seu irmão D. Luís, visitando, entre outros países, a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha e a Áustria. Em 16 de Setembro de 1855, ao completar 18 anos, é aclamado rei e presta juramento perante as Cortes Gerais, dedicando-se desde logo com total devoção aos negócios públicos. Casou em 29 de Abril de 1858 com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que viria a morrer em Julho de 1859.
Quando D. Pedro inicia o seu reinado, governava ainda o ministério de Saldanha saído da Regeneração de 1851. Sobressai neste ministério Fontes Pereira de Melo, titular da pasta das Obras Públicas, famoso pelo impulso que deu aos caminhos-de-ferro em Portugal.
Apesar de atormentado por constantes dificuldades, quer na vida pública quer na privada (as epidemias de cólera-morbo e de febre amarela, as grandes inundações, a morte da rainha), D. Pedro consegue dar uma certa estabilidade à vida política portuguesa. O monarca viajou pelo país, interessando-se por quaisquer assuntos que visassem o seu desenvolvimento, como sejam a introdução do caminho-de-ferro, o sistema métrico, as estradas, etc.
Foi também durante o seu reinado que se sucederam desagradáveis acontecimentos: a questão de "Charles et Georges" (aprisionamento por parte das autoridades portuguesas de Moçambique, em Novembro de 1857, da barca francesa com aquele nome, empregue no tráfico de escravos provenientes da colónia, tráfico esse proibido no império português) e a consequente divergência com a França, diferendos com a Inglaterra pelos domínios em África e com a Santa Sé.
À margem da função régia, foi um homem de superior inteligência e de excepcional cultura, fruto também do excelente trabalho de educadora desempenhado por sua mãe. Da sua cultura são testemunhos os seus escritos em dois volumes: Diário (durante as viagens que fez na Europa), e os artigos que escreveu para duas revistas (a Militar e a Contemporânea). Deve-se-lhe, a par de outras iniciativas culturais, a criação do Curso Superior de Letras em 1859 e do Observatório da Ajuda.
 

O Esperançoso
31.º Monarca
Reinado: 1853 - 1861

1837 - Nascimento de D. Pedro em Lisboa.
1853 - Herança do trono, ficando D. Fernando, seu pai, como regente.
1855 - Coroação sob o título de D. Pedro V.
1856 - Inauguração do primeiro troço de caminho-de-ferro português.
1857 - Nascimento de Columbano Bordalo Pinheiro, pintor.
1858 - Casamento do rei com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen.
1859 - Fundação do Curso Superior de Letras.
1861 - Morte de D. Pedro V.
 


D. Carlos

Filho de D. Luís e de D. Maria Pia de Sabóia, nasceu em Lisboa a 28 de Setembro de 1863. Aí também morreu assassinado no dia 1 de Fevereiro de 1908. Trigésimo terceiro rei de Portugal (1889-1908), ficou conhecido pelo cognome de "o Martirizado". Casou em 1886 com D. Amélia de Orleães, princesa de França, filha dos condes de Paris, de cujo enlace nasceram D. Luís Filipe e D. Manuel. O seu reinado ficou marcado por eventos que fomentariam o espírito republicano e o descrédito crescente do regime monárquico.
O primeiro destes eventos aconteceria logo em 1890: o ultimato inglês, motivado pelo "Mapa cor-de-rosa" (1886) que punha em causa as pretensões do imperialismo britânico, nomeadamente o ensejo de ligar o Cabo ao Cairo. Portugal foi obrigado a abandonar os territórios africanos em questão, o que constituiu uma humilhante derrota para a diplomacia portuguesa e para o País. Este facto provocou uma explosão de sentimentos antibritânicos um pouco por todo o reino e em todos os quadrantes políticos. Este ambiente é aproveitado pelos republicanos que, após este incidente diplomático, reagem com maior veemência do que nunca. No Porto, estala uma revolta que acabaria por fracassar mas que proclamaria a República pela primeira vez na História portuguesa (o 31 de Janeiro de 1891).
O rotativismo entre os Partidos Progressista e Regenerador entrara em descrédito, aumentando de eleição para eleição o número de representantes republicanos.
Assim, em Maio de 1906, D. Carlos chama João Franco a formar Governo, o qual, contrariando promessas anteriormente feitas, encerra a Assembleia Legislativa e dá início a uma ditadura. A ditadura de João Franco desencadeou uma onda de protestos, sobretudo devido aos adiantamentos à Casa Real e à repressão política. Em 21 de Janeiro de 1908, uma tentativa revolucionária foi dominada pelo Governo, tendo sido feitas inúmeras prisões. Na sequência deste movimento, foi elaborado um decreto que previa a deportação do reino para os conspiradores, decreto que D. Carlos promulgou. Passados poucos dias, em 1 de Fevereiro de 1908, chegava a família real portuguesa a Lisboa vinda de Vila Viçosa, desembarcava junto do Terreiro do Paço e daí seguia para o Paço das Necessidades quando se deu o regicídio, no qual morreram D. Carlos e o seu filho D. Luís Filipe, o herdeiro do trono.
 

O Martirizado ou Diplomata
33.º Monarca
Reinado: 1889 - 1908
1863 - Nascimento de D. Carlos em Lisboa.
1886 - Casamento de D. Carlos com D. Amélia de Orleães.
1889 - Coroação sob o título de D. Carlos I.
1890 - Ultimato de Inglaterra que obriga Portugal a abandonar o território entre Angola e Moçambique.
- Criação da composição "A Portuguesa" por Alfredo Keil que viria, mais tarde, a ser adoptada pelos republicanos como hino nacional.
1891 - Revolta de 31 de Janeiro: primeira tentativa de instaurar o regime republicano.
1906 - Nomeação de João Franco para formar governo, começando, então, um regime ditatorial.
1908 - Morte de D. Carlos I e do príncipe herdeiro D. Luís Filipe em consequência de um atentado perpetrado por republicanos.
 


D. Amélia

Membro da monarquia (1865-1951), de seu nome Maria Amélia Luísa Helena de Orleães e Bragança, nasceu em Inglaterra e era filha dos condes de Paris, de linhagem real francesa. Casou com o futuro rei D. Carlos em 1886, tendo três filhos: D. Luís Filipe, D. Manuel II e D. Ana Maria, que morreu à nascença. Como rainha, desenvolveu acção de apoio aos necessitados, fundando a Assistência Nacional aos Tuberculosos em 1899. Em 1905 criou o Museu dos Coches. Dedicou-se também à pintura e ao desenho. Por ocasião do golpe de 5 de Outubro de 1910, partiu para o estrangeiro com D. Manuel. Morreu em Versalhes em 1951.
 


D. Manuel II

Segundo filho do rei D. Carlos e de D. Amélia de Orleães, nasceu em Lisboa, em 19 de Março de 1889, e morreu em Twickenham, Inglaterra, em 2 de Julho de 1932. Trigésimo quarto e último rei de Portugal (1908-1910), ficou conhecido pelo cognome de "o Desventuroso". Casou em Setembro de 1913 com a sua prima D. Vitória Augusta de Hohenzollern-Sigmaringen, não tendo deixado descendência.
Reunido o Conselho de Estado após o Regicídio que vitimou seu pai e seu irmão mais velho, a ele compareceu D. Manuel, constituindo-se um "ministério de acalmação", de concentração partidária, com excepção de João Franco e seus adeptos. Soltaram-se os presos políticos e revogaram-se alguns decretos da ditadura franquista. Mas a propaganda republicana recomeçara.
D. Manuel, porém, iniciou uma viagem pelo reino e, por onde passava, era sempre bem recebido.
No seu reinado teve de enfrentar duas graves questões: a questão Hinton e a do Crédito Predial. No primeiro caso, um grande industrial inglês, residente na Madeira, reclama uma indemnização do Estado Português em virtude de uma suposta revogação do monopólio do açúcar, a qual, em virtude da pressão diplomática da Inglaterra, viria a ser concedida. A questão do Crédito Predial deve-se a um desfalque naquela instituição por negligência de importantes figuras do regime.
Em Agosto de 1910, realizam-se eleições, em resultado das quais o Partido Republicano duplica o seu número de deputados no Parlamento. A 3 de Outubro rebenta uma insurreição republicana em Lisboa que viria a triunfar no dia 5 de Outubro. Em consequência, o último monarca português saiu do Palácio das Necessidades, foi para Mafra e daí para a Ericeira, onde embarcaria para o exílio em Inglaterra.
 

O Desventuroso ou Patriota
34.º Monarca
Reinado: 1908 - 1910

1889 - Nascimento de D. Manuel em Lisboa.
1908 - Coroação sob o título de D. Manuel II.
- Demissão de João Franco e nomeação de um governo de coligação.
1910 - Revolução republicana em Lisboa, a 3 de Outubro.
Proclamação da República no dia 5 de Outubro.
- Partida da família real para o exílio.
1913 - Já destronado, D. Manuel casa com D. Vitória Augusta.
1932 - Morte de D. Manuel, em Inglaterra.
 


D. Luís Filipe

Filho primogénito (1887-1908/02/01) do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia, morreu assassinado, juntamente com o seu pai. Desta forma, quem ascendeu ao trono após o Regicídio foi o seu irmão mais novo, que reinou, embora por pouco tempo, como D. Manuel II.
 


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