República Portuguesa
Presidente da Republica
De seu nome
completo Joaquim Teófilo Fernandes Braga, nasceu em 1843 e morreu em 1924. É
talvez a mais multifacetada figura da nossa Primeira República. Notável pela
grande variedade de actividades e pela riqueza da sua prolífica obra (cerca de
360 títulos), fez a sua formação académica em Direito (doutorou-se em 1868),
passou para o domínio da História da Literatura (chegando a catedrático em 1872,
no Curso Superior de Letras), foi poeta e jornalista. A sua obra literária,
apesar de algumas debilidades de forma e conteúdo que os críticos lhe apontam,
constitui uma abordagem pioneira da História da nossa Literatura, dos nossos
usos e costumes, das tradições orais. Da sua fértil pena saíram ainda as
primeiras edições críticas de obras clássicas da literatura portuguesa. Os seus
interesses, porém, não se confinaram à literatura; abrangeram igualmente a
filosofia. Também neste domínio desenvolveu uma acção determinante, como um dos
introdutores e principal divulgador em Portugal do positivismo, que seria a
filosofia orientadora por excelência do republicanismo. Fundador do Partido
Republicano Português, cuja história igualmente redigiu, foi um dos principais
intervenientes nas comemorações do tricentenário de Camões em 1880, importante
expressão do nacionalismo republicano no plano cultural. Instaurada a República
em 1910, sendo Presidente do Partido Republicano Português, foi nomeado primeiro
Presidente do novo regime, vindo a exercer o mesmo cargo, agora por via
constitucional, após a renúncia de Manuel de Arriaga em 1915, numa fase de crise
aguda do regime.
1843 Nasceu em Ponta Delgada, a 24 de Fevereiro
1868 Doutorou-se em Direito na Universidade de Coimbra
1872 Catedrático de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras
1880 Escreve História das Ideias Republicanas em Portugal
1910 - 1911 A 5 de Outubro, foi escolhido para Presidente do Governo Provisório,
com funções de Presidente da República (até 5 de Novembro de 1911)
1915 Tornou-se novamente Presidente, a 29 de Maio
1924 Morreu na sua mesa de trabalho, no dia 28 de Janeiro
Bernardino Machado
De seu nome completo
Bernardino Luís Machado Guimarães, nasceu em 1851. Catedrático coimbrão
ainda muito jovem, com apenas 28 anos, inicia a sua actividade política como
monárquico, sendo eleito deputado com pouco mais de trinta anos, depois Par
do Reino e ministro das Obras Públicas em 1893. Iniciado na Maçonaria ainda
na década de 80 do século XIX, introduz naquela organização a filosofia
positivista. Desiludido com a política da Monarquia, adere ao Partido
Republicano Português, de cujo Directório virá a fazer parte. Notabiliza-se
na propaganda a favor da instauração do novo regime, mas a sua conhecida
oposição ao emprego da violência armada para o derrube da Monarquia faz com
que os seus correligionários o não ponham ao corrente dos preparativos da
insurreição. Contudo, por influência de Afonso Costa, vê-se nomeado ministro
dos Negócios Estrangeiros do Governo Provisório Republicano. Falhada uma
primeira tentativa de alcançar a Presidência da República, virá a ser eleito
mais tarde para aquele cargo (1915), depois de um mandato como chefe de
Governo (1913). Em 1925 ascenderá novamente à chefia do Estado. A sua
política vacilante em dois momentos particularmente graves e significativos
(sidonismo e golpe de 28 de Maio de 1926) acarreta-lhe a perda de prestígio,
que no entanto recupera quando, no exílio, se dedica novamente, com
assiduidade e acutilância, à propaganda contra a Ditadura Militar instaurada
em Portugal. Viria a falecer em 1944.
1851 Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, no dia 28 de Março
1876 Terminou o doutoramento em Filosofia na Universidade de Coimbra
1879 Tornou-se professor catedrático de Filosofia
1902 Presidente do Directório do partido Republicano
1910 Ocupou o cargo de Ministro do Governo Provisório formado em Outubro de
1910
1911 Foi eleito deputado às Constituintes
1912 Foi Ministro de Portugal no Rio de Janeiro
1913 Foi Embaixador de Portugal no Brasil
1915 Foi eleito Presidente da República
1917 Foi deposto e exilado pela revolta de Sidónio Pais
1919 Regressou a Portugal e reiniciou a actividade política democrática
1925 Foi reeleito Presidente por renúncia de Teixeira Gomes, a 11 de
Dezembro
1926 Deposto pelo golpe de 28 de Maio
1944 Faleceu no dia 29 de Abril
Nasceu em 1872. Sidónio Bernardino Cardoso da
Silva Pais repartiu a sua actividade pela docência (regeu a cátedra de
Matemática em Coimbra), pelo serviço militar, pela política e pela diplomacia. A
sua carreira política apenas se iniciou após a implantação do regime
republicano, durante o qual foi sucessivamente deputado e senador e sobraçou
pastas ministeriais (Fomento e Finanças), após o que ingressou na carreira
diplomática, como representante de Portugal em Berlim, quando já se avizinhava a
Primeira Guerra Mundial. Regressando a Portugal após a declaração do estado de
guerra entre a Alemanha e Portugal, participa na conspiração que virá a
instaurar a "República Nova", que, sob a sua direcção suprema, colocou no poder,
no período de 1917-18, uma confederação de interesses composta por republicanos
descontentes, monárquicos e clericais, e adversários da participação na guerra.
Legitimou a sua presidência por meio de eleições, exerceu o poder com um misto
de autoritarismo (em que alguns encontram uma espécie de "ensaio" do
salazarismo) e de populismo. A sua morte, num atentado, em 1918, deixou o país
numa situação de grande instabilidade, em que se chegou a temer a restauração da
Monarquia.
1872 Nasceu em Coimbra, a 1 de Maio
1888 Ingressou na Escola do Exército, onde tiraria o curso de Artilharia
1898 Licenciou-se em Matemática
1911 Foi Director da Escola Industrial Brotero, onde foi professor catedrático
1911 - 1912 Foi Ministro do Fomento do 2º Ministério, de João Chagas (1911) e
das Finanças no 3º, de Augusto de Vasconcelos (1911-12)
1912 Foi nomeado Ministro Plenitenciário de Portugal em Berlim, Alemanha
1915 - 1917 Participou na I Guerra Mundial
1917 Chefiou um golpe de Estado em 5 de Dezembro, que depôs o Presidente
Bernardino Machado
Assumiu a Presidência da República na sequência do golpe de Estado
1918 Eleição presidencial em 1918
Morreu assassinado a 14 de Dezembro
De seu nome completo João do Canto e Castro
Silva Antunes, nasceu em 1862. Monárquico (chegou a ser deputado em 1908),
oficial da Marinha com carreira feita nas colónias e em funções de comando, fez
parte do governo de Sidónio Pais, na qualidade de ministro da Marinha, e acabou
por ser eleito Presidente da República pelo Congresso após o assassinato de
Sidónio. A eleição gerou forte controvérsia. A sua credibilidade ficou
fortemente abalada, mas Canto e Castro acabou por contrariar as expectativas
mais pessimistas ao garantir a efectivação de eleições legislativas em 1919 (nas
quais venceu uma maioria democrática) e ao defender a República (apesar das suas
profundas convicções monárquicas) contra as tentativas de restauracionismo
registadas no mesmo ano (Monarquia do Norte, revolta de Monsanto). Em 1919 foi
promovido a Almirante por distinção. Morreu em 1934.
1862 Nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio
1881 Torna-se Aspirante da Marinha
1908 Foi eleito deputado
1918 Ministro da Marinha no 16º Ministério, chefiado por Sidónio Pais
Eleito pelo Congresso Presidente da República em Dezembro
1919 Tornou-se Almirante em 1919
Ocorrem Revoltas de Santarém (republicana) e do Porto e Lisboa (monárquicas)
Restabelece a normalidade constitucional em 1919
Termina o seu mandato presidencial a 5 de Outubro, retirando-se da vida pública
1934 Faleceu no dia 14 de Março
Activista do movimento republicano, e maçon
como muitos outros republicanos, nasceu em 1866. Extremamente popular pelos seus
dotes oratórios, participou na preparação das revoltas fracassadas de 1891 e
1908 e da revolução triunfante de 1910, que instauraria a República. O seu
combate contra o regime monárquico desenvolveu-se ora no Parlamento (foi eleito
para as duas últimas legislaturas da Monarquia), ora na imprensa (dirigiu e
fundou vários jornais e subscreveu artigos contundentes, como o "Bragança, o
Último", contundente ataque ao monarca e ao regime). Instaurada a República,
cabe-lhe em 1910 assumir a pasta do Interior do Governo Provisório Republicano,
o que leva a grande desgaste da sua figura, pois tem de enfrentar graves
problemas sociais. São tão profundas as divergências, pessoais e políticas, em
relação a Afonso Costa e outros republicanos, que António José de Almeida
protagoniza uma cisão no Partido Republicano, formando o seu próprio partido
(Partido Republicano Evolucionista, 1912-1919), mais conservador. Acederá, no
entanto, a integrar o Governo da União Sagrada (1916-1917), que chefiará,
acumulando com a pasta das Colónias, no momento crucial da entrada na Primeira
Guerra Mundial. Passado o interregno sidonista, em que é perseguido, vem a ser
eleito presidente da República em 1919. Nessa qualidade visita o Brasil, numa
altura em que ali se registava uma forte corrente nativista que se exprimia por
actos xenófobos anti-portugueses, que António José de Almeida contribui para
minimizar, mercê do seu invulgar talento oratório. Foi, em toda a vigência da
República parlamentar, o único presidente que completou o seu mandato, em anos
caracterizados por uma grande crise social e política, que bem se espelha no
facto de ter nomeado dezassete ministérios e de se terem registado numerosas
alterações da ordem pública, a mais grave das quais seria a Noite Sangrenta
(18-19 de Outubro de 1921), episódio cujas motivações nunca foram inteiramente
esclarecidas, em que um grupo de marinheiros amotinados atravessa Lisboa
deixando atrás de si um rasto de sangue, tendo sido assassinados, entre outros,
o chefe do Governo António Granjo e o contra-almirante Machado Santos. António
José de Almeida faleceu em 1929.
1866 Nasceu em Vale da Vinha
1888 Formou-se em Medicina, seguindo para S. Tomé
1888 - 1904 Dedicou-se exclusivamente à Medicina
1906 Eleito deputado pelo Partido Republicano
1908 Alinhou na conspiração contra João Franco
1910 - 1911 Ministro do Interior do Governo Provisório
1919 Foi eleito Presidente da República
1923 Terminou o seu mandato e a sua carreira política
1929 Faleceu a 31 de Outubro
Manuel Teixeira Gomes nasceu em 1860 e
faleceu em 1941. Estadista e escritor, começou a sua carreira política como
diplomata, vindo a ser Presidente da República em 1923-1925, quando o regime
parlamentar atravessava alguns dos seus mais críticos momentos. Como diplomata
(antes e depois do consulado sidonista, que o expulsou do corpo diplomático),
coube-lhe enfrentar, o que fez com êxito, situações de grande melindre e
complexidade, designadamente combater a hostilidade ou pelo menos a desconfiança
das monarquias europeias (Inglaterra, Espanha) perante o regime republicano
instaurado em Portugal e evitar o desmembramento, na Conferência de Paz, do
império português após a Primeira Guerra Mundial. A sua acção como presidente da
República não teve, porém, o mesmo sucesso, pois teve de enfrentar crises
políticas (entre elas a de 18 de Abril de 1925) e animosidades pessoais que
impossibilitaram a concretização dos consensos que sempre procurou, para além
das forças que, através da acção política legal e da conspiração, procuravam
derrubar o regime republicano parlamentar.
Na sua actividade literária - da qual se destacam obras como Gente Singular
(1909), Novelas Eróticas (1935) e Maria Adelaide (1938) - encontram-se
simultaneamente traços esteticistas e naturalistas, bem como uma particular
influência da tradição helenística. Todavia, a mais notável constante da sua
escrita residirá provavelmente no impulso de transfiguração da experiência
pessoal em produtos esteticamente acabados.
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1860 Nasceu em Portimão no dia 27 de Maio
1911 Em Março, foi nomeado Ministro de Portugal em Londres, pelo Governo
Provisório (1º Ministério)
1918 Foi demitido do cargo
1919 Foi ministro em Madrid em Fevereiro
Regressou a Londres
1919 - 1923 Fez parte da delegação portuguesa à Conferência de Paz e à Sociedade
das Nações
1923 Foi eleito, pelo Parlamento, Presidente da República
1925 Renunciou à Presidência em Dezembro
1941 Faleceu na Argélia a 18 de Outubro
end.